A anamnese ocupacional é uma avaliação clínica feita por um profissional da saúde com um funcionário de uma empresa para avaliar o estado geral de saúde do trabalhador, bem como, o impacto que o serviço pode ter no bem-estar dele.
Além disso, ela pode ser realizada com um funcionário que a empresa pretende contratar, a fim de identificar questões importantes sobre o histórico de saúde do colaborador e suas moléstias atuais.
Em outras palavras, a anamnese ocupacional pode ser usada tanto como uma ferramenta de monitoramento quanto de diagnóstico, e deve fazer parte de todas as consultas realizadas pelo médico do trabalho.
Se você é dono de uma clínica ou é um profissional da saúde e deseja saber mais sobre a anamnese ocupacional, então este conteúdo é para você! Aqui você vai entender mais sobre o procedimento e o passo a passo de como fazê-lo.
A anamnese ocupacional é uma das principais estratégias para avaliar a saúde dos trabalhadores. Ela é fundamental para prevenir doenças ocupacionais e avaliar o impacto do trabalho na saúde física e mental dos funcionários.
Além disso, a anamnese ocupacional é importante para conhecer o histórico de saúde do trabalhador, coletando informações que antecedem a contratação.
Na prática, o processo garante que a empresa conheça mais sobre a saúde e bem-estar dos seus colaboradores e entenda a necessidade deles.
Em outras palavras: a anamnese ocupacional possibilita a compreensão de problemas comuns de saúde dentro de uma empresa e a criação de medidas para reduzir doenças ocupacionais e acidentes de trabalho.
Também é por meio da anamnese ocupacional que o médico pode receber respostas decisivas para liberar ou não um colaborador para exercer determinada função, além de direcionar o paciente para realização de exames adequados.
Por fim, a realização de um bom atendimento na medicina do trabalho garante que os funcionários da empresa se sintam mais valorizados e fiquem seguros para contar sobre seus problemas pessoais, sociais e de saúde.
Leia também: 5 dicas de como fazer uma boa anamnese.
Na anamnese ocupacional deve ficar evidente quais são os hábitos de vida do trabalhador, as moléstias, as atribuições no serviço, quais são os equipamentos que ele utiliza, as condições de trabalho, entre diversos outros aspectos.
Para descobrir tudo isso, o médico deve utilizar um questionário estruturado e realizar as perguntas para o colaborador. Todas as respostas devem ser registradas na ficha anamnese exatamente como o paciente disser.
Considerando a dinâmica que o processo exige, o ideal é utilizar um prontuário eletrônico e anotar as informações à medida que o paciente responde as perguntas. Ao final do processo, as respostas devem ser avaliadas pelo médico do trabalho.
Entenda com mais detalhes a seguir.
A primeira etapa de toda anamnese é realizar a identificação do paciente. Para isso, devem ser coletados dados como nome, data de nascimento, estado civil, informações de contato, naturalidade e profissão.
Em alguns casos, é necessário preencher o número do cartão do SUS e se o trabalhador é sindicalizado.
Além disso, por ser um processo voltado para o ambiente de trabalho, é preciso identificar em qual empresa o indivíduo trabalha, bem como, informações relevantes sobre o seu setor de atuação.
A próxima etapa da anamnese ocupacional é descobrir qual motivo levou o paciente até a consulta.
Em alguns casos, a empresa deixa o canal aberto para que os colaboradores possam se consultar sempre que necessário.
Em outros, a anamnese é realizada periodicamente ou em processos de admissão, demissão, mudança de função ou retorno de férias.
Independente de qual situação o trabalhador se encaixe, é importante questionar o paciente se há algum tipo de queixa, como sintomas, problemas pessoais ou laborais.
Este é o momento em que o trabalhador deverá contar com mais detalhes sobre a doença ou condição de saúde que ele está enfrentando.
Para isso, ele deve ser questionado sobre os sintomas, estágio da doença e sobre o tratamento que tem sido realizado (o que inclui os medicamentos dos quais ele faz uso).
Ah! Também vale perguntar sobre a relação dos sintomas com o trabalho atual e o apoio da empresa neste processo.
Além disso, cabe lembrar que alguns pacientes se sentem nervosos ou intimidados na presença de um profissional da saúde, o que dificulta a coleta de informações.
Para evitar isso, uma boa dica é fazer do momento uma conversa e não um interrogatório. Sempre olhe no olho do paciente, mostre que aquele é um local seguro, que não haverá julgamentos e que a sua missão é ajudá-lo.
Durante a anamnese ocupacional, o colaborador deve ser questionado sobre as suas doenças pregressas. Também é importante que ele fale sobre quando começou a sentir os sintomas ou quando recebeu o diagnóstico.
O médico do trabalho também deve ficar atento se o paciente tem tomado os devidos cuidados para impedir a evolução da doença e, se não estiver, qual o motivo para o não cumprimento do tratamento.
Vale destacar que - ainda que a doença ocupacional tenha surgido antes da contratação pela empresa atual - a evolução dela pode impactar diretamente na produtividade e no bem-estar do funcionário.
Além disso, deve-se questionar sobre acidentes de trabalho prévios ou qualquer quadro clínico que pode ter relação com patologias ocupacionais.
Outro item que não pode faltar na anamnese ocupacional é a investigação de hábitos de vida que podem influenciar na saúde do indivíduo.
Sendo assim, é importante verificar hábitos como o de fumar, o uso excessivo de bebidas alcoólicas, o uso de drogas e o uso excessivo de medicamentos.
Da mesma forma, hábitos que colaboram com a melhora da saúde também devem fazer parte da ficha, como a prática regular de atividade física.
Esta etapa visa investigar os locais que a pessoa já trabalhou, o tempo de permanência e as suas antigas funções. Isso é importante para identificar possíveis problemas passados que tenham trazido impacto para o presente.
Para descobrir isso, deve-se perguntar como eram as condições de trabalho, o ambiente, as etapas do processo produtivo e a hierarquia a que o trabalhador foi submetido.
A próxima etapa é o preenchimento da Ocupação Atual. Deve-se registrar a ocupação que o trabalhador efetivamente exerce e conhece um pouco sobre a sua rotina de trabalho, tempo de serviço, EPI's utilizados e etc.
Outro item que é avaliado na anamnese do trabalho é a exposição ao risco. Por exemplo, trabalhadores que ficam expostos ao sol mas que não usam protetor solar corretamente, podem desenvolver um câncer de pele no futuro.
Também é preciso ter atenção com fatores como excesso de calor, ruídos, excesso de horas extras, ausência de pausas entre um expediente e outro.
A investigação desse tipo de situação é fundamental para que o médico possa identificar possíveis situações de risco e fazer o devido aconselhamento ao trabalhador.
Toda a anamnese tem aquela pergunta "há doenças comuns entre os familiares?" e na anamnese ocupacional não é diferente.
Afinal, o profissional precisa identificar possíveis fatores de risco e relacioná-los com os sintomas relatados pelo paciente.
Familiares próximos com doenças cardiovasculares, diabetes e doenças reumáticas podem representar um sinal de alerta.
Por fim, questões sociais também devem ser avaliadas, uma vez que elas possuem relação direta com a saúde do indivíduo.
Portanto, busque entender qual é o contexto de moradia e classe socioeconômica, tente entender o relacionamento com a família e eventuais problemas que podem gerar preocupações pessoais.
Tudo isso é importante para avaliar a saúde mental do trabalhador, além de problemas que podem estar impactando no emprego dele.
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Além disso, o prontuário eletrônico fica sempre disponível e pode ser facilmente acessado, trazendo conforto para a rotina médica.
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Leitura recomendada: Anamnese Ocupacional: Manual de Preenchimento da Ficha Resumo de Atendimento Ambulatorial em Saúde do Trabalhador (Firaast).